Artropatia de Charcot 

Descrita pela primeira vez pelo neurologista francês Jean Martins Charcot, a artropatia de Charcot é caracterizada por uma doença destrutiva de articulações e ossos de caráter crônico. Essa doença resulta em deformidades osteoarticulares que afetam pacientes que apresentam neuropatias.

 

Essa condição pode afetar o funcionamento correto dos nervos periféricos e prejudicar a motricidade e a sensibilidade do paciente. Presente em pacientes com neuropatias, a doença Também pode ser causada por:

 

  • Diabetes;
  • Intoxicação por álcool;
  • Hanseníase;
  • Mielomeningocele;
  • Espinha bífida;
  • Paralisia cerebral.

 

A artropatia de Charcot se apresenta mais comumente em pacientes mais velhos, entre 50 e 60 anos. Também é comum afetar pacientes que apresentam o diagnóstico de diabetes por pelo menos 10 anos de persistência.

 

Embora essa doença possa afetar outras articulações do corpo como punho, joelho e quadril, essa artropatia afeta mais comumente tornozelos e pés, podendo também se apresentar de forma bilateral. Em quadros mais graves, pode acontecer o desabamento da estrutura óssea do Pé, resultando em uma deformidade convexa na região plantar.

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Como é feito o diagnóstico da artropatia de Charcot

 

O primeiro passo para o diagnóstico dessa doença é a realização de um exame físico. No consultório, o médico responsável pelo acompanhamento irá realizar uma avaliação completa dos sintomas e da aparência da articulação afetada, buscando por sinais claros de que o paciente apresenta artropatia de Charcot.

 

O exame clínico visa determinar a presença de vermelhidão, inchaço ou aumento de temperatura no membro afetado. Em alguns casos o paciente pode não relatar dor, apenas o desconforto causado pelas alterações inflamatórias.

 

Em seguida, podem ser solicitados exames laboratoriais e de imagem para avaliar alguns fatores, podendo ser solicitada a dosagem de proteína C reativa, leucograma e velocidade de hemossedimentação. Esses exames complementares são fundamentais para eliminar ou diferenciar a artropatia de outras condições que apresentam um processo inflamatório, como é o caso da celulite infecciosa.

 

Já os exames de imagem ajudam a identificar possíveis alterações ósseas, principalmente as que causam deformidades no membro afetado e pode ser solicitada a realização de radiografia e ressonância magnética, exame que permite detectar precocemente alterações que não são evidenciadas na radiografia.

 

Uma vez determinado diagnóstico, é necessário estabelecer qual é o grau de evolução da artropatia de Charcot. Essa doença pode ser separada em quatro estágios distintos, sendo:

 

  • Inflamação: nesse estágio de avanço da doença, podem ser notados sinais inflamatórios como a vermelhidão, inchaço, aumento de temperatura. Nesta fase não é possível observar nenhuma alteração no raio X.

 

  • Fase de fragmentação: além da presença de sinais inflamatórios, também é possível notar algumas alterações na radiografia como a presença de Corpos livres periarticulares, fragmentos do osso subcondral e subluxação. É nessa fase que a estrutura óssea da articulação afetada começa a sofrer o desabamento.

 

  • Fase de coalescência: neste momento inicia-se a redução do processo inflamatório, e os fragmentos ósseos começam a se absorver e a articulação começa a fundir.

 

  • Fase de consolidação: na última fase da doença de Charcot não há mais a presença de alterações inflamatórias de forma que já existe o desabamento da estrutura óssea e deformidades.

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Como é feito o tratamento dessa doença?

 

Uma vez diagnosticada e determinado grau de progressão da doença, é possível iniciar o tratamento da artropatia de Charcot. A abordagem a ser utilizada vai depender de cada caso e das características de cada paciente, podendo ser feita de maneira conservadora ou através de intervenção cirúrgica.

 

É importante lembrar que o objetivo do tratamento nem sempre é a correção das deformidades. O principal foco do tratamento para artropatia de Charcot é manter a funcionalidade do pé que foi afetado, garantindo estabilidade e redução da dor.

 

Dessa forma, com a ajuda de calçados adequados, órteses e outras abordagens, o médico responsável pelo tratamento tem como objetivo permitir que o paciente consiga sustentar o peso do corpo com o membro afetado e realizar as suas atividades do dia a dia com qualidade.

 

O tratamento conservador costuma envolver algumas medidas para aliviar a carga no membro afetado e redução dos sintomas. Além disso, também é muito importante que o paciente continue o acompanhamento clínico da doença neurológica que deu causa ao problema.

 

Já a abordagem cirúrgica pode ser realizada através de diversos procedimentos e técnicas, como:

 

  • Ressecção óssea;
  • Utilização de fixadores externos;
  • Beaming;
  • Artrodeses;
  • Entre outras abordagens.

 

Também é possível combinar mais de um procedimento para garantir a correção da deformidade e o restabelecimento da funcionalidade do pé que foi afetado pela artropatia de Charcot. Considerando que a doença pode decorrer de um descontrole no diabetes mellitus, é importante que o procedimento cirúrgico seja realizado por um médico especialista e que todos os cuidados sejam tomados para minimizar possíveis complicações no pós-operatório.

 

Nesse sentido, é fundamental que o paciente converse com o médico de confiança para que seja determinada melhor abordagem. É necessário considerar todos os benefícios e também os riscos desse tipo de procedimento. 

 

Dúvidas: “Dra. Ana Paula Simões – Ortopedista”

 

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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