Essa semana atendi um paciente que tinha um “nódulo na perna” que só aparecia quando corria!! Fizemos o diagnóstico de hérnia e ele se assustou, pois achava que hérnia na perna não existia, e que ela só dava no umbigo ou na região inguinal.
As hérnias musculares sintomáticas das extremidades inferiores ocorrem mais comumente na perna e são uma causa rara de dor crônica em atletas corredores. Historicamente, o tratamento de cirurgiões militares foi pioneiro na documentação inicial de hérnia na perna observadas em recrutas militares ativos. Hoje já sabemos que pode acontecer com qualquer pessoa.
CAUSAS
A hérnias são rotineiramente associadas à esforço excessivo , mas não podemos descartar os defeitos fasciais congênitos focais ou fraqueza a qual pode causar a hérnia de um músculo da perna em determinada região, formando uma massa subcutânea palpável variável e causando dor e sintomas potencialmente neuropáticos quando ocorre envolvimento do nervo subjacente.
CLASSIFICAÇÃO
Podemos dividir a etiologia dos defeitos fasciais como congênitos (“constitucionais”) ou adquiridos (“traumáticos”).
♦ As causas congênitas podem ser uma fraqueza geral geral na fáscia muscular (insuficiência mesodérmica) ou podem ocorrer em locais de nervos e vasos perfurantes.
♦ As causas adquiridas geralmente são secundárias a traumas. Exemplos traumáticos incluem trauma penetrante, fraturas fechadas causando uma ruptura fascial (trauma direto) ou força aplicada ao músculo contraído causando ruptura fascial aguda (trauma indireto).
HERNIA E ESPORTE
A hérnia é potencializada por aumentos nas pressões intracompartimentais, como hipertrofia muscular ou síndrome do compartimento de esforço crônico (CECS) (ARTIGO: http://ge.globo.com/u-atleta/saude/noticia/2015/09/dores-cronicas-na-perna-sindrome-compartimental-pode-sercausa.html) Por perspectiva, o exercício físico regular e a atividade aeróbica e de impacto podem levar à hipertrofia muscular com um aumento de 20% no volume muscular. A CECS é definida como uma forma reversível de aumento anormal da pressão intramuscular durante o exercício ou esforço físico secundário à não adesão dos tecidos osteofasciais aos aumentos de volume muscular induzidos pelo exercício diferente das hérnias que costumam cursar com aumento de volume e irreversibilidade.
INCIDÊNCIA
Embora a verdadeira incidência não seja conhecida, a etiologia foi classificada como secundária à fraqueza fascial congênita (ou constitucional), ou defeito fascial adquirido, geralmente secundária a trauma direto ou indireto. Acredita-se que a maior ocorrência seja em homens jovens e fisicamente ativos. O envolvimento do tibial anterior é mais comum, embora outros músculos tenham sido relatados.
SINAIS E SINTOMAS
Geralmente o atleta sente dores ao fazer esforço. A qual melhora com o repouso. O exame físico revela na maioria das vezes uma massa macia, levemente sensível, que pode ou não ser redutível, na extremidade inferior da perna. Quando próxima à um nervo pode ocorrer diminuição da sensibilidade na perna ou, irradiação para região plantar ou dos dedos e dorso do pé. Uma hérnia muscular pode se apresentar clinicamente como uma protuberância visivelmente palpável, massa de tecido mole ou nódulo subcutâneo. Eles podem ser solitários, bilaterais ou múltiplos.
COMO DIAGNOSTICAR?
A ultrassonografia dinâmica ou a ressonância magnética costumam ser usadas para confirmar o diagnóstico e orientar o tratamento.
TRATAMENTO
A maioria dos casos sintomáticos responde com sucesso ao tratamento conservador, com cirurgia fica reservada para casos refratários que não responderam as medidas conservadoras. Uma variedade de técnicas cirúrgicas tem sido descrita, desde a fasciotomia até o reparo anatômico do defeito fascial, sem consenso sobre o tratamento ideal. Os médicos devem se lembrar de considerar as hérnias musculares em seu repertório de diagnósticos diferenciais para dor crônica nas pernas ou neuropatia. Espero que nenhum de vocês tenham essa dor!
Bons treinos , valentes!
Referencia:
1- https://www.anapaulasimoes.com.br/nossos-artigos/dores-cronicas-na-perna-sindrome-compartimental-pode-ser-a-causa/
2- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3910527/