Esportes e desempenho na população transgênero: uma revisão sistemática e metanálise
Introdução:
O debate em torno da regulamentação da participação de transgêneros no esporte não é recente, mas ainda está em andamento. Algumas organizações esportivas são mais flexíveis nesse sentido, enquanto outras são mais conservadoras.
Objetivo:
Por meio de uma revisão sistemática e metanálise, este estudo resume as evidências científicas dos efeitos da terapia hormonal do sexo cruzado na força muscular, hematócrito e medidas de hemoglobina, parâmetros que parecem estar ligados ao desempenho esportivo.
Métodos:
Realizamos buscas eletrônicas de manuscritos publicados antes de 20 de novembro de 2020. Foram incluídos estudos publicados em três bases de dados diferentes (PubMed, SciELO e Lilacs), sem restrição de tempo ou idioma, e utilizando palavras-chave como “transgender”, “gender dysphoria”, “força”, “hematócrito” e “hemoglobina”. A sistematização PRISMA foi utilizada para a elaboração desta revisão, enquanto uma meta-análise foi realizada para evidenciar matematicamente os resultados. A meta-análise foi realizada usando o modelo de efeito aleatório, para encontrar o efeito da estimativa agrupada da terapia hormonal do sexo cruzado sobre os parâmetros analisados.
Resultados:
A busca eletrônica recuperou 21 artigos elegíveis para inclusão. A terapia hormonal do sexo cruzado influenciou os três parâmetros analisados em quase todos os estudos. No geral, houve um aumento significativo na força muscular em mulheres para homens (FtMs), por grupo muscular analisado: +17,7% (intervalo de confiança de 95% [IC] 14,9;20,6). Em homens para mulheres (MtFs) os resultados da análise de força muscular foram mais controversos, mas o efeito da estimativa combinada mostrou uma diminuição: -3,6% (intervalo de confiança de 95% [IC] -6,6; -0,6).
Conclusão:
A força muscular, o hematócrito e a hemoglobina foram alterados como resultado da terapia hormonal do sexo cruzado tanto em FtMs quanto em MtFs. No entanto, faltam estudos comparando os indivíduos transgêneros com a população do mesmo gênero desejado. Tais estudos são necessários, para melhor inferir regras para a participação de atletas transgêneros em esportes olímpicos. Nível de Evidência I; Revisão Sistemática e Meta-análise .
Esse artigo foi escrito por:
- Roberto Lohn Nahon
- Ana Paula Simões da Silva
- Renan Muniz Santos
- Rayanne Carneiro Torres de Novaes
- Laura Souza Prado Lobrigati Pedroso
Confira o artigo completo em: SciELO – Brasil
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Dra. Ana Paula Simões Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.