Dores crônicas na perna? Síndrome compartimental pode ser a causa
A síndrome compartimental crônica é relativamente frequente na corrida de rua, é uma doença que acomete o sistema muscular e nervoso induzida pelo exercício e que causa dor, inchaço e, por vezes, até mesmo deficiência nos músculos afetados de suas pernas ou braços. Em tese, qualquer pessoa pode desenvolve-la, mas é mais comum em pessoas que participam de esportes que envolvem exercícios de impacto repetitivo, como corrida por exemplo.
De maneira semelhante à forma aguda, trata-se de um aumento da pressão na musculatura e nos demais tecidos contidos num espaço delimitado pelas fáscias (aos quais chamamos de compartimento).
Na forma crônica, quando o esportista esta em repouso, a pressão do compartimento é normal e praticamente nada se sente. Durante o esporte, no entanto, a pressão sobe, reduzindo o fluxo sanguíneo de nervos e músculos com consequente desenvolvimento de sintomas.
O que se sente?
A dor e outros sintomas associados com a síndrome do compartimento de esforço crônica pode ser caracterizada por:
- Dor, queimação ou dor tipo “contratura” no membro afetado
- Aperto no membro afetado
- Dormência ou formigamento
- Fraqueza
- Queda do pé, em casos graves, se os nervos em suas pernas são afetados
- Ocasionalmente, inchaço ou abaulamento, como resultado de uma hérnia muscular
Em geral, a doença começa logo depois que você inicia o exercício, e piora progressivamente melhorando somente após 30 minutos de repouso. Com o tempo, os sintomas podem começar a persistir por mais tempo após o exercício, possivelmente persistindo por um ou dois dias.
Parando completamente a pratica esportiva podem aliviar os sintomas, mas em geral apenas temporariamente. Uma vez que você voltar a correr novamente esses sintomas costumam voltar.
E o que pode causar isso?
O exercício aumenta o suprimento de sangue para os músculos , fazendo-os expandir. Se o tecido conectivo (fáscia) que mantém as fibras musculares em conjunto em um compartimento, não se expandem, a pressão acumula-se no compartimento. Com o tempo, a pressão aumentada “corta” parcialmente o suprimento de sangue do músculo, levando à síndrome de compartimento de esforço crônica.
Alguns especialistas sugerem que a biomecânica – como você se move – podem ter um papel em causar síndrome compartimental crônica de esforço. Outras causas podem incluir ter músculos aumentados, uma banda especialmente espessa ou rígida de tecido (fáscia) ao redor de uma secção do músculo, ou de alta pressão dentro de suas veias (hipertensão venosa).
Fatores de risco:
- Idade:Embora as pessoas de qualquer idade podem desenvolver síndrome compartimental crônica de esforço, a condição é mais comum em atletas com menos de 30 anos.
- Tipo de exercício:O exercício que envolve a atividade de impacto repetitivo – como correr ou andar rápido, aumenta o risco de desenvolver a condição.
- Overtraining:Aumento do volume e intensidade do treino.
- Certas drogas:Tomar esteróides anabolizantes ou o suplemento de creatina pode aumentar o risco para o desenvolvimento da doença.
Diagnóstico:
O exame físico para síndrome compartimental crônica de esforço é, muitas vezes ,normal. O ideal é examinar o paciente depois do exercício, quando a condição é mais provável que seja aparente. O seu médico poderá notar uma protuberância muscular (hérnia), sensibilidade ou tensão na área afetada, o que pode ser medido também por técnicas de aferição do compartimento dolorido.
Os estudos de imagem:
Um exame de ressonância magnética típico pode ser usado para avaliar a estrutura dos músculos nos compartimentos e descartar outras possíveis causas de seus sintomas. O exame também pode ser feito logo apos o esforço físico e, em geral torna-se positivo quando o paciente torna-se sintomático.
Tratamento:
a) Não cirúrgico
A estratégia inclui medicamentos para a dor inicialmente, alongamento e fortalecimento muscular, uma pausa do exercício de impacto, ou o uso de diferentes técnicas biomecânicas, tais como alterar a forma como você pousar/ aterrisar quando você corre.
b) As opções cirúrgicas
A cirurgia é o principal tratamento da síndrome de compartimento de esforço crônica e a mais eficaz. A cirurgia envolve abrir a fáscia – tecido inelástico encerrando cada compartimento muscular. Os métodos incluem tanto o corte aberto ou por via artroscopica na fáscia de cada compartimento afetado (fasciotomia) ou a remoção de parte da fáscia (faciectomia). Em ambos os casos, a descompressão do compartimento faz com que este não fique mais preso pela fáscia inflexível, dando-lhe espaço para se expandir quando a pressão aumenta durante seus treinos!
Artigo originalmente publicado em: Globo Esporte.
Dra. Ana Paula Simões Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.
Gostaria de saber quanto custa para fazer a cirurgia?
Oi Faraoni,
É impossível te responder sem te examinar. Por favor agende uma consulta! Veja os telefones aqui no site, OK? Abraço!
olá doutora, muito bacana o teu conteúdo, eu sofro com dores nos músculos da panturrilha, porém apenas depois de uns 10 ou 15 min de corrida já acredito que não é o meu caso essa síndrome o que a senhora me aconselharia?
Olá Juliano, tudo bem? Não tenho como te responder essa pergunta sem te examinar para entender as particularidades do seu caso. Por favor, agende uma consulta nos telefones que estão aqui no site para que eu possa te examinar e dar o meu diagnóstico. Abraço!
isso tem cura? ou volta?
Olá Anna, tudo bem? Cada paciente é único. Dessa forma é difícil responder sua pergunta sem antes entender as particularidades do caso. Abraço!
A falta de mobilidade no tornozelo pode causar ou aumentar a dor ?
Olá Arthur respondi no seu e-mail dá uma olhadinha! Abraços!
Por que a creatina pode causar essa síndrome?
Olá Arhtur! Eu não conheço o papel da creatinina na síndrome compartimental nas pernas e infelizmente não existe trabalho cientifico que eu tenha lido sobre isso para poder concluir tal resultado. Abraço!