Concussão: Caiu e bateu a cabeça?

Concussão: Caiu e bateu a cabeça?

Concussão: Caiu e bateu a cabeça? Entenda o impacto das concussões na saúde mental de crianças e adolescentes. Confira!


Concussão é qualquer lesão no cérebro que perturba seu funcionamento normal de forma temporária ou permanente. Normalmente, causados por algum impacto na cabeça. Podem ocorrer em diversas situações, mas é mais frequente motivada por uma queda em que ocorre a colisão da cabeça com o chão ou algum obstáculo.


É uma ocorrência comum na prática esportiva, principalmente, aquelas com muito contato, saltos com altura e coletivo (a exemplo do basquete, ginástica artística e do futebol).


A maioria dos ferimentos são leves e permitem a recuperação completa. No entanto, a concussão em crianças e adolescentes pode representar sérios riscos à saúde. Uma pesquisa de revisão sistemática, com grande impacto na
literatura científica, foi liderada pelo Instituto de Pesquisa Infantil de Murdoch (IPIM) na Austrália e publicada no British Journal of Sports Medicine recentemente, analisou o impacto das concussões na saúde mental da criança e do adolescente.


E iremos trazer aos nossos leitores suas principais conclusões:

  1. Um terço das crianças e adolescentes desenvolvem algum problema de saúde mental, como depressão e agressão, após sofrer uma concussão cerebral. E para algumas crianças, os problemas podem persistir por vários anos após o trauma.
  2. Até 36,7% do público analisado experimentaram níveis significativamente elevados de problemas de internalização, como retração, ansiedade, depressão e estresse pós-traumático e 20% de problemas de externalização, como agressão, problemas de atenção e hiperatividade.
  3. Uma lesão cerebral traumática na primeira infância está associada a escores de QI mais baixos que persistem até sete anos após a lesão.
  4. Foi percebido que, enquanto melhorias significativas na saúde mental surgiram entre três e seis meses após a lesão, uma minoria de crianças experimentou sintomas persistentes por vários anos depois.

Relatos de concussão na vida real


Um exemplo ocorreu com Emma, de 17 anos, moradora de Melbourne, na Austrália. Em 2019, enquanto jogava netball, ela bateu com a cabeça na trave e em março do ano seguinte foi atingida com uma bola na nuca. Hoje, ela busca suporte para sua saúde mental.


Emma conta que, após a segunda concussão, desenvolveu ansiedade, dores de cabeça, sensação de desesperança e teve problemas para se concentrar.

“Depois da minha última concussão, achei muito difícil estar motivada para a escola e para a vida normal. As tarefas mais simples, como caminhada, eram difíceis para mim, e não ser capaz de completar essas tarefas me deixou bastante desanimada, o que afetou minha saúde mental.”


O pai de Emma, Bruce Henry, afirma que vê com bons olhos esse estímulo para incluir a saúde mental na avaliação e tratamento de concussões pediátricas.

“Quando uma criança sofre uma concussão, ela pode parecer bem, mas você não consegue ver o impacto subjacente. É muito importante que a saúde mental faça parte do controle da concussão. Isso tem sido essencial para a recuperação da Emma.”

O que se pode fazer?


A saúde mental é fundamental para a recuperação de concussões. Isso implica que sua avaliação, prevenção e intervenção devem ser integradas ao acompanhamento padrão.


Desenvolvido por especialistas líderes mundiais em concussão, o aplicativo HeadCheck pode ser uma opção para pais, treinadores e socorristas que tenham domínio do inglês, reconhecerem os sinais de concussão e gerenciarem o retorno seguro da criança à escola, ou às atividades como brincar e praticar esporte.


Além disso, é importante lembrar que o primeiro passo, se você acha que uma criança ou adolescente teve uma concussão, é procurar ajuda médica imediatamente. O médico determinará qual a gravidade da concussão e
quando é seguro retornar à rotina normal. Lesões na cabeça levam tempo para cicatrizar. Por isso, as crianças devem descansar das atividades físicas e mentais (cognitivas) para poderem retornar gradualmente, conforme os sintomas permitirem.


Incorporar o risco à saúde mental, na gestão pós-lesão, também representa uma oportunidade de envolver crianças e adolescentes em serviços para prevenir o surgimento de problemas desnecessários, ou para tratar os problemas já existentes.


Um avanço em intervenção nessa área inclui o Concussion Essentials, protocolo criado para evitar que crianças sofram de sintomas pós-concussão a longo prazo. São basicamente oito sessões que combinam tratamentos de fisioterapia e psicologia e abordam, por exemplo, preocupações comuns, como dor de cabeça, fadiga e retorno ao exercício, escola e esportes.


Por fim, para proteger seu filho de ferimentos na cabeça, insista em equipamentos de proteção adequados e devidamente ajustados – como um capacete – durante esportes e outras atividades. Mas lembre-se: caso uma
concussão ocorra, não deixe de prestar atenção na saúde mental também, pois ela é essencial para um retorno completo à vida normal.


Estimule seu filho a treinar! Dê o exemplo, valentes! Ficou alguma dúvida? Me segue lá no Instagram: @draanapsimoes


Autores: Ana Paula Simões (SP-CRM- 108667/RQE: 6742 e 28753);
Ariane Paz Ferro (Medicina – UNIT – @arianepferro);
Emanuele Rodrigues de Barros (Medicina – UERN – @manu.rdb);

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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