Entrevista da Gazeta Esportiva

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Adriano deve usar a camisa 10 do Corinthians pela primeira vez neste domingo, diante do Atlético-GO, cinco meses e 20 dias depois de ter rompido o tendão de Aquiles do tornozelo esquerdo durante treino físico no CT Joaquim Grava. No ano passado, o meia inglês David Beckham sofreu a mesma lesão (inclusive no pé esquerdo) e retornou aos gramados oito dias mais tarde em relação ao prazo de recuperação estabelecido para o centroavante de 29 anos.

Então com 34 anos, Beckham se machucou sozinho durante vitória do Milan sobre o Chievo, em 14 de março de 2010. A estrela inglesa estava emprestada ao clube italiano pelo Los Angeles Galaxy (EUA) e, dada a necessidade de cirurgia, perdeu a Copa Mundo da África do Sul, tendo voltado a atuar somente em 11 de setembro. Na ocasião, já de regresso à equipe americana, entrou em campo aos 25 minutos da etapa final do triunfo por 3 a 1 sobre o Columbus Crew.

O retorno de Beckham aproximadamente seis meses (cinco meses e 28 dias) depois não foi visto como tardio pela comissão técnica do Galaxy. Pelo contrário. “Ele está adiantado em relação à progamação que havia sido traçada. Nosso objetivo inicial era de que ele voltasse a campo em 1º de outubro”, comentou na época Bruce Arena, treinador e agora também diretor do clube californiano. “Queremos apenas ter a certeza de que ele estará bem quando voltar a jogar”, acrescentou.

O trabalho do Corinthians com Adriano também vem sendo cuidadoso. Fisioterapeutas do clube e o técnico Tite alertam que o centroavante pode ficar sujeito a lesões musculares se estrear antes do prazo correto – como o atleta fica longo período inativo após essa lesão, a musculatura atrofia e requer intensiva preparação para voltar à condição ideal. Por outro lado, a ausência de um atacante da sua qualidade no elenco claramente tem acelerado o processo de recuperação.

A provável volta aos campos antes de Beckham, porém, não significa necessariamente que Adriano terá condição inferior. Para Ana Paula Simões, especialista em cirurgia de tornozelo, é arriscado comparar. “O período de recuperação varia muito, depende do biotipo do jogador, de como está musculatura, peso, treinamento. Tudo isso é muito relativo. Às vezes, até o próprio médico segura um pouco mais o retorno. Mas, com certeza, antes de o Adriano jogar, têm sido feito vários testes”, diz a médica, que integra a Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva.

Figura 1: Adriano rompeu o tendão de Aquiles do tornozelo em abril deste ano. Seu último jogo foi em 19 de janeiro, quando ainda defendia a Roma, contra a Lazio. Na ocasião, ele lesionou o ombro direito. A lesão no tornozelo ocorreu no Corinthians, quando ele ainda se recuperava da primeira contusão. Expectativa é de que ele entre nos minutos finais do jogo de domingo. Beckham, por sua vez, rompeu o tendão calcâneo em março do ano passado e retornou aos gramados seis meses depois, para jogar por 20 minutos, na etapa final de um jogo

Artigo originalmente publicado em: Gazeta Esportiva.

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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