Entrevista em Artigo do Site Globo Esporte

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Corredor, você está na casa dos 20 anos e já sente dores no joelho ou na coluna? Percebeu que o seu tênis desgasta mais de um lado do que do outro? Sente que poderia correr mais leve e rápido? Você pode estar pisando errado e nem se tocou! Os atletas da Corrida SP-Rio, que vão correr 600 km entre os dias 20 e 22 de outubro, não dão esse mole. Fique ligado!

O modo como se pisa é determinado a partir das características anatômicas de cada indivíduo, como, por exemplo, os tipos de pé, joelhos e flexibilidade nas articulações. Cada pessoa pisa de uma maneira, mas costuma-se generalizar em três tipos: pronada – quando a parte de fora do calcanhar toca no chão e o pé inicia a rotação para dentro e só depois volta ao normal, supinada – quando o calcanhar toca o solo e o pé inicia uma rotação para fora, e pisada neutra – começa com a parte externa do calcanhar e o pé rotaciona ligeiramente para dentro, terminando com a parte dianteira do pé tocando o solo.

Complicado? Nem tanto se você for bem orientado por um ortopedista. É importante que o atleta reconheça o seu tipo de pisada para usar o modelo certo de tênis e, assim, evitar vícios posturais, lesões nos tornozelos, joelhos e na coluna. De acordo com a doutora Ana Paula Simões, especialista em medicina de pé e tornozelo e assistente do Grupo de Traumatologia do Esporte da Santa Casa de São Paulo, as lesões podem ser agudas ou crônicas.

Tudo está relacionado ao apoio excessivo num ponto do pé, que deveria ser melhor distribuído. Os problemas agudos vão desde lesões superficiais, como calos e bolhas, até as lesões ósseas, como fratura por estresse. Os crônicos são as tendinites, canelites e deformidades ósseas, como joanete e dedos em garra – explica Ana Paula.

As empresas fabricantes de tênis abusam da tecnologia para melhorar a absorção do impacto e evitar entorses. Os tênis neutros não interferem no desempenho ou prejudicam o atleta, mas se for comprado um para a correção e a pisada não for aquela que o tênis diz corrigir, pode piorar a lesão.

– Quando nosso pé atinge o solo, durante a corrida, aplica-se uma força de, aproximadamente, oito vezes o nosso peso corporal. Nosso corpo absorve o choque de cada passo. A resultante desta força é distribuída de uma forma correta quando estamos com um tênis adequado. A compra de um bom tênis não deve ser encarada como um gasto, mas sim como um investimento, pois todo gasto feito para a nossa saúde é bem-vindo – afirma o ortopedista Marcelo Portugal.

– É aconselhável que os praticantes do esporte escolham o calçado mais confortável possível. Se tiverem algum erro de pisada, detectado após a consulta, trato a lesão e corrijo a pisada com palmilhas personalizadas, deixando marcas e modelos a critério de cada um – concluiu Ana Paula.

A melhor maneira de descobrir como se pisa é procurar um ortopedista, de preferência especializado em tornozelo e pé. Caso alguma doença não seja diagnosticada, faz-se o teste com fisioterapeuta especializado em baropodometria, que é a análise de marcha. Se você não tem condição financeira para bancar um teste mais elaborado, fica a dica: pegue um calçado simples, daqueles de solado igual em todos os lados, e repare onde ele está mais desgastado. Se o solado desnivelou na parte interna, seu pé é pronado; se for na parte externa da planta do pé, ele é supinado; se for no centro, é uma pisada normal. Sacou? Agora é só comprar o tênis certo para o seu pé.

Artigo originalmente publicado em: Globo Esporte.

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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