Saiba porque o salto alto é o inimigo das corredoras
Diva que é diva adora um salto alto. Ainda mais na hora de desfilar as pernas de corredora, sempre torneadas e delineadas graças aos quilômetros no asfalto. No entanto, o que pouca gente sabe é a consequência que o salto alto pode trazer para as corredoras, uma vez que quase todas as pesquisas da área já reprovam o uso do salto alto para “mulheres comuns”, que fazem ou não atividade física.
Uma das últimas pesquisas que saíram a respeito do tema, em 2010, comprovou cientificamente o que toda a mulherada já estava “careca de saber”: salto alto causa varizes, flebites (inflamação das veias) e até tromboses. A análise foi feita na época pela Divisão de Cirurgia Vascular e Endovascular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP.
No caso das corredoras, a realidade é ainda pior. Segundo a médica especializada no atendimento a atletas Ana Paula Simões, mestre em Ortopedia e Traumatologia pela Santa Casa de São Paulo o uso do salto alto podem colaborar com lesões ósseas, de joelho e coluna.
“O uso do salto alto altera inicialmente nosso eixo de equilíbrio e devido ao posicionamento do pé para frente distribuindo a carga na região anterior, altera também nossa distribuição de carga”, explica Ana Paula.
Para a gente ter uma ideia do que isso significa no nosso pé, dá uma olhadinha…
Dedos: Como o pé fica inclinado, a força recai sobre a região do antepé, causando dor, calos por atrito e até úlceras. Por isso, antes de colocar o salto, lembre sempre das bolhas nos dedinhos, especialmente depois do longão.
“O bico fino é o responsável por outro problema. Como os dedos são comprimidos e ficam sobrepostos um sobre os outros, cria-se um quadro de halux valgo, popularmente conhecido como joanete. Ele pode entrar em desgaste formando saliências ósseas (artrose) quadro que também gera crepitação [estalos] e dor”, diz Ana Paula.
Metatarso: Essa é aquela área que na hora do impulso, principalmente na corrida, recebe a maior carga. Para vocês terem uma ideia, como o pé fica inclinado, a força recai sobre a região e depois é dali sai o impulso para dar o passo.
O uso do salto alto, além descansar dor, também pode causar úlceras e lesões devido a sobrecarga. ”Além disso, o aumento da pressão na cabeça do metatarsos poderá gerar lesões ósseas como necroses e artroses; e das partes moles (tendinopatias e lesões ligamentares). Além do conhecido Neuroma de Morton”, afirma Ana Paula.
Mediopé e retropé: como são regiões que recebem menos carga e ficam encurtadas, o uso do salto de gerar um impacto na região posterior causando dor devido a proximidade do calcâneo, talus e tíbia que podemos verificar neste RX.
Tornozelo e perna: Como o pé fica constantemente inclinado, a posição força a panturrilha, o que por si só já favorece as tendinopatias do Aquiles, encurtamentos, além de câimbras e lesões musculares.
“Acredita-se erroneamente que o uso do salto alto fortalece a panturrilha, dando mais firmeza e beleza à batata da perna. Isso na verdade é uma contratura a custas de encurtamento e tensão constante e não fortalecimento que deve ser feito de forma orientada e na musculação ou corrida“, diz Ana Paula.
E aí, divas? Vão encarar o sapatinho baixo em vez do salto na hora de trabalhar? Contem como vcs driblam com as dores nas pernas e se pretendem abolir o bonito do armário.
Figura 1:
Figura 2:
Artigo originalmente publicado em: Divas que correm.

Dra. Ana Paula Simões Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.