Tendinite: o que é, causas, sintomas e tratamento

A tendinite surge a partir de uma inflamação do tendão, um tecido colagenoso que liga o músculo e o osso e que tem a função de realizar os movimentos dos nossos membros. Geralmente, essa condição é causada por conta de movimentos repetitivos e, se não for tratada de maneira adequada, ela pode acabar provocando problemas sérios de dores e inchaços.

Quais as causas?

De acordo com a Dra. Ana Paula Ferreira, Professora Instrutora e Mestre em Ortopedia e Traumatologia e Médica Assistente do grupo de traumatologia do esporte pela Santa Casa de São Paulo, geralmente, as causas de uma tendinite são indiretas.

Ela ocorre quando há sobrecarga dos tendões. “A pessoa acaba forçando demais aquele tendão. Isso ocorre digitando demais, segurando o telefone por um longo período de tempo numa posição errada, correndo demais e a demanda acaba sendo muito maior do que o que você pode suportar. A partir disso acontece um desequilíbrio, pois o seu tendão não está acostumado com certos exageros”, explica a médica.

Processos degenerativos, o envelhecimento natural do corpo, também podem ser responsáveis pelo surgimento da tendinite. Algumas doenças reumatológicas e medicamentos são fatores que podem acabar contribuindo para esse desconforto.

 

Tipos de tendinite

Os tendões estão presentes em todas as partes do nosso corpo e, por conta disso, existem diferentes tipos de tendinite. Conheça cada um deles:

Tendinite do ombro

A inflamação do tendão do ombro pode acabar causando sintomas como dor intensa na região e dificuldade para levantar e movimentar o braço. Pessoas que praticam esportes ou atividades que utilizam muito essa região do corpo, são mais propensas a sofrer com esse tipo de doença.

Tendinite do cotovelo (epicondilite lateral)

Essa condição acontece quando existe sobrecarga dos tendões desta parte do corpo. Apesar de os atletas serem as pessoas que mais sofrem com esse problema, eles não são os únicos que desenvolvem essa condição. Atividades domésticas e profissões que exigem muitos movimentos do braço como pintura, carpintaria e encanamento também podem ser a razão do surgimento dessa patologia.
Esse problema se manifesta a partir de uma dor de cotovelo, na parte mais externa e o incômodo acaba irradiando para o antebraço.

Tendinite do pulso

A tendinite do pulso, também conhecida como tenossinovite, ocorre por conta de movimentos repetitivos com as mãos.
Por conta disso, pessoas que trabalham digitando ou escrevendo excessivamente são aquelas que mais sofrem com esse tipo de condição.
Esse tipo de tendinite causa dor, inchaço e vermelhidão na região do pulso.

Tendinite no joelho (patelar)

A tendinite patelar, na maioria das vezes, está associada a atividades esportivas que causam certo impacto na região do joelho, como é o caso do atletismo e do futebol. Geralmente, esse tipo de lesão acaba afetando o mecanismo extensor do joelho, o que faz com que a parte muscular também seja comprometida.

 

Sintomas da tendinite

Os sintomas da tendinite acabam variando de acordo com cada uma das pessoas. No entanto, os mais comuns são:

Dor intensa no tendão inflamado;
Dificuldade para se movimentar;
Inchaço na região lesionada.

“A dor pode acabar evoluindo para uma tenossinovite, que é uma inflamação ao redor. E para a tendinose, que ocorre quando o tendão engrossa. Conforme o tempo passa ele vai se tornando mais espesso, formando nódulos densos, e às vezes pode até causar alguns sinais inflamatórios do corpo, como calor, edema e rubor”, ressalta Dra. Ana.

Perguntas frequentes sobre o assunto:

Existe cura?
Infelizmente, não. O termo “ite” é relacionado a inflamações e processos inflamatórios que não possuem cura. “A inflamação é comum no nosso corpo e podemos ter o tempo todo. A única coisa que podemos fazer é evitar que ela se torne recorrente. Para isso contamos com mecanismos de fortalecimento e prevenção. Afinal, a inflamação é decorrente de um desequilíbrio, algo que você está fazendo de errado”, finaliza a Dra. Ana.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da tendinite, geralmente, é feito por um clínico geral ou um médico ortopedista. Ele é dado através de uma avaliação dos sintomas e exames de imagem como o ultrassom ou a ressonância magnética. O primeiro passo a ser tomado neste momento é desinflamar o tendão lesionado. Isso pode ser feito a partir de métodos variados, incluindo repouso e o uso de medicamentos anti-inflamatórios.

Além disso, a fisioterapia e a acupuntura também são bem vindas para ajudar a reduzir as dores. “Os exercícios físicos precisam ser feitos de acordo com aquilo que a pessoa consiga suportar. Mas não existe uma contraindicação. É possível praticá-los mesmo com tendinite, porém, ela precisa entender que isso vai fazer com que a região lesionada doa e a dor pode alterar a biomecânica dela causando uma sobrecarga em outras regiões. Então, é preciso tomar cuidado com isso”, lembra a médica.

Como prevenir a tendinite?

Para prevenir a tendinite, o ideal é corrigir os fatores mecânicos que podem causá-la. Portanto, confira algumas dicas da Dra. Ana:

-Evitar movimentos repetitivos;
-Manter uma postura correta;
-Alongar-se constantemente;
-Praticar exercícios físicos regularmente;
-Utilizar equipamentos ergonômicos para trabalhar (posicione o computador na altura dos olhos, usar uma cadeira específica, etc).

 

Exercícios para tendinite

Existem diferentes tipos de tratamentos para melhorar e até mesmo prevenir a tendinite e um deles é o exercício físico. Além de fortalecer os músculos e tendões, a atividade também é essencial para a nossa saúde e bem-estar. Veja abaixo os melhores a se fazer:

Alongamento nos braços

Se você passa uma boa parte do seu tempo trabalhando sentado em frente ao computador, então necessita fazer pequenas pausas para que possa alongar seus braços e punhos. Isso fará com que você evite ter problemas com a tendinite, mesmo fazendo movimentos repetitivos.

Em pé, cruze os dedos das mãos e estique os braços para frente, o máximo que conseguir, com as palmas viradas para fora.
Depois, alongue os dois braços na frente do peito, usando a mão esquerda para puxar o braço direito e vice-versa.
Em seguida, levante o braço, dobre o cotovelo e leve as palmas das mãos até as costas.
Com a mão que sobrou, segure a ponta do cotovelo para que consiga esticar bem os tendões.
Se preferir, você também pode entrelaçar os seus dedos, levantar os braços e se espreguiçar até aliviar a tensão.

Alongamento de punho

Fazer exercícios que sejam específicos para os punhos também é necessário para evitar a tendinite.
O primeiro passo é apoiar o antebraço em uma mesa e deixar a mão para fora, com a sua palma virada para o chão.
Depois, movimente a mão para cima e para baixo. Então, abra e feche os dedos, fazendo movimentos giratórios com os seus punhos, sem tirar o braço da posição. Você também pode apertar uma bolinha de borracha com os dedos, para que consiga fortalecer a sua musculatura.

Alongue as pernas

Os movimentos feitos de forma repetitiva em um exercício físico também podem acabar ocasionando a tendinite dos tendões da coxa e também dos glúteos. Por conta disso, é muito importante fazer alongamentos antes e depois dos treinos. Em pé, afaste os pés e tente encostar os dedos das mãos no chão, sem dobrar os joelhos. Em seguida, na mesma posição, tente encostar os dedos apenas no pé direito e, depois, no esquerdo.

Assim, fique com a coluna reta novamente, dobre uma das pernas para trás e segure-a com a mão por 1 minuto. Lembre-se de manter a postura reta. Repita o processo com a outra perna. Após isso, você também pode levantar o joelho em direção ao peito e abraçá-lo com os braços. Faça com as duas pernas.

Alongue os ombros e o pescoço

Uma tendinite no braço que não é tratada, pode acabar resultando em dores no pescoço, o que causa muito desconforto nas atividades diárias. Por conta disso, é importante sempre alongar a cabeça e os ombros para evitar esse problema.
Faça movimentos giratórios com os ombros ao mesmo tempo. Em seguida, abaixe a cabeça na altura do queixo e coloque as mãos na nuca e pressione levemente para baixo.

Colocando a sua mão direita no topo da sua cabeça e puxe-a levemente para a direita, deixando que o membro fique inclinado para o lado. Por fim, faça o mesmo processo com o lado esquerdo.

Flexão e extensão

Flexione e estenda o cotovelo do lado lesionado e traga a palma da mão para o ombro de forma suave.
Dobre o cotovelo o máximo que conseguir e, em seguida, endireite o braço e o cotovelo devagar.
Repita o processo, pelo menos, 15 vezes.

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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