Joanete: o ‘dedo a mais’ que causa desconforto e dor no pé do atleta

Aquele osso saltado na lateral do pé que incomoda e sempre dói quando se está com um sapato fechado durante um tempo. Sabe do que se trata? Se você pensou em joanete, está certo. Muitos reclamam desse “dedo a mais”, principalmente os atletas. Coincidência ou não, as mulheres são as mais prejudicadas porque, além do tênis, adoram um salto alto.

De acordo com a ortopedista Ana Paula Simões, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, o Hálux Valgo, conhecido como joanete, não é um osso que cresceu ou que surgiu, mas sim um desvio do primeiro metatarsiano (osso do dedão) que se expressa como uma saliência na região de dentro do pé. Consequentemente, também gera o crescimento das falanges.

O joanete altera a pisada pela dor que causa ou pela própria desestruturação que o pé adquire com o impacto e o uso de sapatos. O osso deforma e muda a base do apoio final, podendo até sobrecarregar o segundo dedo, gerando uma metatarsalgia de transferência (dor na face plantar central do pé) e até mesmo levantar o dedo, formando o dedo em figa – explicou a ortopedista.

Está muito enganado quem pensa que o joanete é encontrado somente no dedão. A fisioterapeuta e corredora mineira Carolina Fádel, de Minas Gerais, está com um no dedinho do pé esquerdo e tem sofrido bastante com a dor.

– Estou com joanete incomodando há alguns meses. Já fiz infiltração, injetando um medicamento diretamente na área que dói, e não resolveu. Agora, uso proteção de silicone que ajuda um pouco – contou Carolina.

Tratamento do Joanete

  • – Fisioterapia para tentar aliviar as dores;
  • – Usar próteses e separador de dedos para mantê-los bem posicionados retardadam ou impedem a evolução do quadro, mas não corrigem a deformidade;
  • – Trocar os calçados diariamente, evitando atrito num ponto único na pele;
  • – Se nada resolver, a cirurgia está bem avançada, sem os mitos de dor e recaídas do passado.

Cirurgia

A cirurgia para correção do joanete sofreu várias inovações nos últimos anos, segundo a ortopedista. As técnicas mais modernas, além de serem muito mais eficazes, dispensam o uso de gesso, o que facilita a reabilitação. A queixa de dor é mínima, já que a anestesia utilizada, além de minimizar as complicações, promove uma analgesia muito mais prolongada no período pós-operatório.

– O procedimento exige alguns cuidados e o uso de calçado fechado só é permitido após 40 dias de cirurgia. Neste intervalo, o paciente deambula com um calçado apropriado que proporciona o apoio somente no calcanhar. Pode ser usada a sandália de Baruk (pós-operatória) ou o robofoot (bota imobilizadora) – concluiu Ana Paula.

Os médicos não recomendam a cirurgia por questão de estética, apenas quando a deformidade no pé é acompanhada de dor intensa. Tomados todos os cuidados e seguindo as recomendações, o atleta poderá praticar, aos poucos, a sua atividade física.

 

Figura 1:

Figura 2: Joanete.

Artigo originalmente publicado em: Eu Atleta.

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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