Correr é uma prática física que traz muitos benefícios para a saúde, mas, como qualquer atividade de impacto repetitivo, pode causar sobrecarga em estruturas específicas do corpo. Uma das queixas mais comuns entre os corredores é a dor na planta do pé, mais precisamente na região do antepé. Essa condição é conhecida como metatarsalgia e se manifesta como uma dor intensa ou sensação de queimação.

Compreender as causas da metatarsalgia e quais são os métodos mais eficazes para aliviar os sintomas é fundamental para qualquer pessoa que pratica corrida de forma regular. Além de conseguir reconhecer os sinais precoces, é possível implementar ações preventivas com ajustes no treino, na biomecânica e no tipo de calçado utilizado.

O que é metatarsalgia e por que ela afeta tantos corredores?

A metatarsalgia é uma inflamação dolorosa que afeta os ossos metatarsais, localizados na parte anterior do pé, entre o arco plantar e os dedos. Trata-se de uma síndrome que envolve sobrecarga mecânica na cabeça dos metatarsos, muitas vezes causada pela repetição do impacto durante a prática de corrida.

A pressão excessiva que acontece na região pode irritar os tecidos, causar microlesões e até mesmo levar à formação de calosidades ou bursites locais. Essa condição é bastante comum entre os corredores devido à natureza da atividade. O ciclo da marcha durante a corrida exige que o pé absorva forças verticais significativas.

Desequilíbrios no padrão de pisada, falta de suporte adequado no calçado ou volume de treino mal ajustado podem causar essa sobrecarga. Fatores anatômicos também contribuem, como pessoas com segundo dedo mais longo que o dedão, com arco plantar alto ou pé cavo. Além disso, o uso inadequado de calçados minimalistas e a rigidez articular do tornozelo ou quadril são elementos que também influenciam diretamente.

Principais causas da dor na planta do pé durante a corrida

A dor no antepé pode ter muitas origens, sendo a metatarsalgia uma das mais comuns entre os corredores. Essa condição costuma ser multifatorial e requer uma análise cuidadosa do padrão de corrida e do histórico clínico do paciente para um diagnóstico correto. Entre os principais fatores causadores da dor plantar em atletas, destacam-se a sobrecarga mecânica, erro de treinamento e calçados inadequados.

A sobrecarga mecânica acontece quando há distribuição desigual do peso na ponta do pé, geralmente favorecendo os metatarsos centrais. Isso pode ser causado por fraqueza muscular dos músculos estabilizadores, encurtamento muscular, disfunções de alinhamento do quadril e joelho, e até pela falta de flexibilidade de estruturas como o tendão calcâneo.

Outro fator relevante é o uso de calçados inadequados. Tênis com pouca absorção de impacto, drop muito baixo ou que não oferecem suporte para o arco plantar são comuns em corredores que adotam práticas minimalistas ou seguem modismos. Embora o uso desses calçados possa trazer benefícios para alguns, quando não acontece uma adaptação gradual e o acompanhamento profissional, os riscos de sobrecarga aumentam consideravelmente.

Erros de treinamento também desempenham papel crítico. Aumento repentino do volume e intensidade dos treinos, correr em superfícies muito duras ou sem intervalos adequados para recuperação são atitudes que favorecem o surgimento de dor no antepé.

Diagnóstico e avaliação clínica: quando procurar um ortopedista

O diagnóstico da metatarsalgia deve ser feito com base em uma avaliação clínica detalhada e, quando necessário, com a ajuda de exames de imagem. O ortopedista especialista em pé e tornozelo é o profissional indicado para conduzir esse processo, já que ele está habituado e preparado para lidar com diferentes tipos de sobrecarga que acometem os atletas e praticantes de corrida.

Durante a consulta, o médico vai avaliar o histórico do paciente, tipo de dor, localização do incômodo e situações onde a dor se intensifica. Também podem ser feitos testes físicos para identificar alterações estruturais dos pés, como joanetes, encurtamento do tendão de Aquiles, dedos em garra ou presença de calosidades que indicam áreas de maior pressão.

Nos casos mais complexos, exames como radiografia, ressonância magnética e baropodometria podem ser utilizados para avaliar o quadro com maior precisão. É fundamental diferenciar a metatarsalgia de outras patologias que causam dor na planta do pé, como fascite plantar, neuropatias periféricas e até mesmo fraturas.

Não é recomendável insistir no esporte com dor sem entender a causa do problema. Isso pode acabar agravando o quadro e levar a compensações posturais, aumentando o risco de lesões em outras regiões.

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Tratamento da metatarsalgia: alívio da dor e retorno à corrida

O tratamento da metatarsalgia deve seguir uma abordagem personalizada, respeitando o estágio da lesão, perfil do corredor, fatores biomecânicos, entre outros aspectos. Em geral, o foco do tratamento inicial está no alívio da dor e na correção dos fatores que geraram a sobrecarga.

Na primeira etapa, o tratamento envolve repouso relativo e modificação da atividade física. Isso significa que será necessário reduzir o volume de treinos e, em alguns casos, suspender temporariamente a prática do esporte até que a dor seja controlada. A aplicação de gelo na região, de duas a três vezes por dia por 15 minutos, também auxilia na redução do processo inflamatório.

Além disso, o uso de calçados com bom amortecimento e suporte para o arco plantar é fundamental. Palmilhas personalizadas ou protetores de metatarso podem ser indicadas para redistribuição adequada da carga. Em alguns casos, essas medidas simples já proporcionam alívio significativo dos sintomas e permitem o retorno gradual à atividade.

A fisioterapia é uma ferramenta indispensável no processo de recuperação. Técnicas de liberação miofascial, alongamentos específicos, fortalecimento da musculatura do pé e exercícios proprioceptivos ajudam a restaurar a biomecânica e evitar recidivas.

Como prevenir a metatarsalgia e manter a saúde dos pés em dia

A prevenção da metatarsalgia começa com cuidado contínuo com a saúde dos pés e uma abordagem consciente de prática esportiva. Um dos primeiros passos é investir em calçados adequados, que se ajustam corretamente ao tipo de pisada, oferecendo amortecimento suficiente e respeitando o perfil biomecânico do corredor.

A realização periódica de avaliações com fisioterapeutas ou ortopedistas também é muito recomendada, principalmente para quem treina com frequência ou participa de provas longas. Avaliações funcionais e de marcha ajudam a identificar padrões de sobrecarga e implementar correções antes que elas se tornem lesões graves.

O fortalecimento da musculatura dos pés e membros inferiores é outro aspecto muito importante. Exercícios como elevação de calcanhares, caminhada descalça em superfícies variadas e uso de faixas elásticas para trabalhar a resistência são estratégias valiosas para garantir mais estabilidade e uma distribuição adequada da carga.

A metatarsalgia é uma condição comum, mas que pode ser evitada ou tratada com eficácia quando identificada precocemente. Para quem corre, sentir dor no antepé não deve ser encarado como algo normal ou parte do esporte.

Se você tem sentido dores recorrentes ao correr ou percebe alterações no seu padrão de pisada, não ignore os sinais do seu corpo. Entre em contato conosco e agende uma avaliação.

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@DraAnaPsimoes!

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.