Prótese no tornozelo: Entenda como funciona

Prótese no tornozelo: Entenda como funciona

Com a prótese no tornozelo ou artroplastia, o paciente reduz as forças de reação articular e a dor, conseguindo voltar às atividades esportivas.

Há alguns dias, o segundo maior artilheiro de todos os tempos da seleção da Argentina, Gabriel Batistuta, fez uma prótese do tornozelo e já voltou a andar.

Mas o mais impressionante foi quando, no auge da sua dor, admitiu que chegou a pedir para os médicos “cortarem as pernas”.

Pacientes que sofrem de dores e artrose nos tornozelos, após serem submetidos à reposição (prótese total) do tornozelo, participam mais de esportes, observando melhor função, mobilidade e ausência de dores crônicas.

Pesquisadores recomendam que os pacientes pratiquem atividades esportivas de baixo impacto após o procedimento de artroplastia total de tornozelo.

Pacientes participam mais de esportes após reposição da articulação do tornozelo, observando melhor função devido a essa abertura e maior ganho de mobilidade.

Isso pode desempenhar um papel na melhoria geral da função, de acordo com pesquisadores suíços onde o atleta fez sua cirurgia. No Brasil, já fazemos esse procedimento há mais de cinco anos e descrevi como funciona em um artigo.

Victor Valderrabano, médico que fez a artroplastia no atleta argentino, publicou um trabalho onde avaliaram 152 casos de artroplastia total do tornozelo (em um total 147 pacientes) em um período mínimo de dois anos de acompanhamento para determinar a atividade esportiva e o resultado funcional.

 

O paciente tem alta satisfação e, sem dor, consegue praticar atividades que antes era impedido pelas limitações funcionais.

O grupo de pacientes tinha uma média de 59,6 anos (faixa de 28 a 86 anos) e a maioria dos pacientes (76%) foi diagnosticada com osteoartrite pós-traumática, ou seja, um desgaste da articulação ocasionado por algum acidente ou trauma repetitivo, como no caso do jogador.

Treze por cento dos pacientes foram submetidos a artroplastia por osteoartrose primária e 11% por artrite sistêmica.

A maioria dos pacientes relatou resultados de satisfação boa (50%) a excelente (33%) no pós-operatório, enquanto 11% relataram satisfação moderada e 6% não ficaram satisfeitos. A dor foi aliviada totalmente em 69% dos casos.

Trinta e um por cento das pessoas ainda sofrem algum tipo de dor, com uma escala visual analógica média [pontuação] de 2,4 , o que para nós é muito bom, numa escala de 0 a 10, onde 10 é o máximo de dor.

Em média, os pacientes melhoraram de 36 no pré-operatório para 84 no pós-operatório no escore de retropé da Sociedade Ortopédica Americana (AOFAS), que é semelhante a outros achados do estudo.

Essa escala, criada por cirurgiões de tornozelo, avalia também função e capacidade de deambular, onde a nota máxima é 100 pontos.

 
 

A atividade esportiva moderada aumentou de 24% para 27% e a atividade esportiva alta aumentou de 3% para 7%. Os pacientes que praticavam esportes tinham principalmente atividades de baixo impacto e experimentavam um aumento na função.

Eles tiveram um escore AOFAS significativamente mais alto: uma média de 88 pontos, em comparação com uma média de 71 pontos para pacientes inativos (P <0,05), de acordo com um resumo do estudo.

Função melhorada

A atividade esportiva melhora a função dos músculos da perna e dos pés, o que reduz as forças na articulação, salva a interface osso-implante, diminui o afrouxamento e reduz o desgaste do polietileno.

Com osteoartrite no tornozelo, os pacientes provavelmente eram menos ativos devido à dor e redução da função causada pelo desgaste. Isso gerava uma diminuição de amplitude e, devido à inatividade, ocasionava-se uma atrofia muscular por causa da falta de uso.

Qualquer atividade esportiva se torna difícil, mesmo as de baixo impacto. Com a artroplastia, o paciente reduz as forças de reação articular e a dor, conseguindo voltar às suas atividades.

Bons treinos!

Dúvidas? Me segue lá no Instagram: @draanapsimoes

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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