Surfista também se machuca! Saiba como prevenir lesões ao pegar onda

Recentemente, tivemos o congresso paulista de medicina do esporte com participação dos maiores especialistas em esporte. Um dos módulos foi sobre o surfe e suas lesões. Então resolvemos fazer um resumo do que foi discutido.

Milhões de surfistas em todo o mundo são propensos a condições agudas e crônicas de lesões durante a pratica do esporte. As lesões ortopédicas do surfe mais comuns são entorses, distensões, luxações e fraturas, com uma taxa global de 3,5 lesões por mil  dias de surfe.  As áreas mais comumente afetadas são a coluna lombar e cervical, ombro, joelho e tornozelo.

Para fraturas, a cabeça é o local mais comum, envolvendo principalmente o nariz e os dentes, apesar das fraturas de costela serem o segundo local mais comum. Fraturas cranio-espinhal são raras, mas temos uma preocupação especial por causa das consequências graves, incluindo paralisia e morte.

Causas

Existem três mecanismos comuns para lesões no surfe:
– Wipeout:  queda com contato com a superfície do fundo do mar. Pode ser trauma direto no recife, rocha ou areia, causando lesões e escoriações. O tipo e a extensão dependem da posição e contato da área do surfista. Lesões comuns incluem excesso de flexão da coluna lombar ou cervical; depressão com ombro forçado em flexão lateral contralateral da coluna cervical; desembarque na ponta do ombro, provocando trauma acrômio-clavicular, fratura da clavícula ou do ombro.
– Manobras aéreas: ao levantar-se em ondas rápidas e íngremes, o surfista  pode pousar com os pés fora do centro, colocando excessiva rotação ou força lateral através de joelhos ou tornozelos, levando a um entorse aguda, lesionando ligamentos e articulações das pernas.
– Uso excessivo/crônico: lesões do ombro, pescoço, costas e cotovelo são comuns e se relacionam com tempo prolongado de remada em uma prancha.

Prevenção

– Equipamento de proteção:
Usar o equipamento adequado pode ajudar a prevenir lesões.

1 – protetores de bico:  podem ser plásticos ou de borracha, montados na ponta dianteira da prancha para suavizar o golpe numa queda ou contato com o surfista.
2- capacetes: importantes em grandes ondas ou quando o surfista navegar sobre recifes
3- leash maior: também pode ser muito útil na prevenção de lesões de contato com a prancha

– Conhecimento das condições climáticas e específicos do surfe:
É importante conhecer onde a onda quebra, a direção das ondas, o vento, etc.

– Flexibilidade:
A flexibilidade de um surfista é muito importante para a prevenção de lesões. Alongar antes de saltar na água pode fazer uma grande diferença no desempenho e prevenção de lesões. Os principais locais que devem ser aquecidos e alongados são: extensão torácica da coluna posterior, manguito rotador, afastadores escapulares, peitoral, sistema miofascial do glúteo, flexão/extensão da coluna lombar, flexão do quadril, rotação do quadril, flexão dorsal do tornozelo.

– Condicionamento:
Surfar envolve grandes desafios para o equilíbrio, por isso o trabalho da estabilidade do núcleo (CORE) deve fazer parte do condicionamento através de exercícios funcionais. Exercícios de força da perna de cadeia fechada, como de cócoras, e trabalho de força superior do tronco para empurrar para fora da prancha são indispensáveis. Pliometria e agilidade são exercícios ideais e devem ser incluídos em um programa de progressão e evolução conforme o atleta melhora seu condicionamento.

Tratamento

As lesões agudas pedem repouso, gelo, compressão e elevação. Deve haver ênfase em devolver o completo movimento das articulações, como coluna, ombro, joelho e tornozelo. Um fisioterapeuta pode trabalhar com exercícios de reabilitação específicos para surfe e suas necessidades individuais. Procure um  medico especialista em caso de lesões graves e crônicas.

Bons treinos!

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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