Fita  AeroSwift – a próxima grande novidade na corrida?

Com o recente aparecimento da fita AeroSwift em alguns atletas (Kipchoge e Galen Rupp) na maratona de Tóquio e nas eliminatórias olímpicas, muitas pessoas começaram a questionar se eram fitas de cinesiologia usadas no tratamento de dores, com as kinesiotapes. Contudo, logo foi descoberto que se trata de um item totalmente novo. E o que ele seria?

Em ambas as corridas, era possível ouvir os fãs perguntando do que se tratavam aquelas fitas que os atletas utilizavam nos braços e pernas, se houve algum tipo de lesão da corrida ou tratamento em andamento, entre muitos outros questionamentos. O mais surpreendente foi que ambos os atletas saíram vitoriosos. Dessa forma, ficou claro que não havia lesão nenhuma, os atletas estavam tão bem que venceram suas respectivas provas.

Essas fitas, conhecidas como Fitas AeroSwift, diferentemente do que muitos pensaram, não são utilizadas para o tratamento de lesões ou alívio da dor. Essa novidade foi desenvolvida a partir de um projeto de pesquisa de eficiência aerodinâmica que está sendo realizada por uma empresa esportiva, e que tem como objetivo melhorar a performance dos atletas.

Mas como essa fita funciona?

Embora a fita AeroSwift possa passar a impressão de que o atleta está lidando com a dor, ou que está passando pelo processo de recuperação de alguma lesão, ela tem um objetivo totalmente diferente. Criada para trazer um diferencial competitivo, esse recurso busca reduzir a resistência ao vento, que, de acordo com a pesquisa realizada, pode ser reduzida em 2-3%.

Embora pareça uma diferença muito pequena, para profissionais de corrida de alta performance, qualquer segundo de diferença pode fazer uma grande diferença no resultado final, que pode apresentar uma redução de 2,65%. Caso você queira ver mais informações sobre o funcionamento da fita e mais dados sobre essa pesquisa, você pode acessar o artigo clicando aqui.

Pelas informações fornecidas pelo artigo, pudemos observar que, ao correr 6 m/s, cerca de 7,5% do gasto energético do atleta fica por conta da resistência do vento, mostrando como esse fator pode ser decisivo no resultado da corrida. Durante as provas, Galen apresentou uma velocidade de 5,97, o que se enquadra com exatidão nas informações apresentadas pelo artigo. Resultados semelhantes foram apresentados na maratona de Kipchoge, que mesmo que apresente um ritmo diferente, pode ser utilizada a fim de comparação.

Baseados na pesquisa, também pudemos observar uma diferença considerável de desempenho nas corridas em campo aberto e em ambientes fechados. Enquanto em espaço aberto a fita consegue entregar menos de 1 segundo por milha, no espaço fechado não é percebida nenhuma diferença.

Por estar mais sujeito à ação do vento, o ambiente aberto consegue entregar resultados superiores com a utilização da fita, principalmente por conta do atrito recebido. Além disso, a utilização da AeroSwift pode trazer uma maior confiança ao atleta, que se preocupará menos com o atrito do vento durante as provas. 

Talvez esse recurso não tenha muito sucesso no Brasil e entre os participantes do esporte amador. Nesse caso, pode haver um “relaxamento” do atleta no final da prova, por conta dos segundos de vantagem conquistados, talvez, com a utilização da fita.

É importante que fique claro que esse material não é uma crítica à tecnologia da Fita AeroSwift, visto que foi necessário muito estudo e dedicação para a criação de um produto tecnológico e eficiente. A mesma dedicação é vista na criação de calçados mais eficientes e outros equipamentos, e tudo é válido quando o objetivo é favorecer o esporte. O fato é que os benefícios trazidos pela fita ainda são pequenos, principalmente se compararmos ao efeito de um treinamento de qualidade, fortalecimento constante e o mais importante: muito foco e disciplina, seja na corrida de rua ou de alta performance.

Bons treinos, valentes!

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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