Pé plano no adulto

O pé plano no adulto consiste em uma doença progressiva que pode causar dor e até mesmo favorecer o estiramento do tendão e ligamentos da região. Uma das principais causas para esse problema é a disfunção do tendão tibial posterior, que pode estar associada a diversos fatores.

 

Também conhecido como pé chato ou pé plano valgo flexível, essa condição é resultado de uma redução no arco plantar, fazendo com que o pé se apresente de forma plana ao solo. Além de ser uma doença bastante incômoda, o pé plano no adulto também pode favorecer o desenvolvimento de síndrome femoropatelar, canelite e fascite plantar.

 

O pé plano em adultos pode ser classificado de duas formas distintas:

 

Pé plano flexível: nesse caso, o arco plantar pode ser visto quando o pé não está apoiado no solo. Isso significa que a curvatura da planta do pé pode ser visível quando o paciente eleva os calcanhares apoiando o peso na ponta dos pés, ou quando os pés se encontram em repouso.

 

Pé plano rígido: nos pacientes que apresentam pé plano rígido, não há presença de arco plantar independentemente da posição dos pés.

 

Por se tratar de apenas uma característica na formação do arco plantar, na maior parte dos casos do pé plano não apresenta nenhum sintoma.

 

É importante lembrar que o pé plano é uma variação da normalidade, ou seja: não se trata de uma doença e não necessita de tratamento para correção na maior parte dos casos. O tratamento é recomendado quando o pé plano causa sintomas e prejudica a qualidade de vida das pessoas.

 

Entretanto, é necessário observar que com o agravamento e progressão dessa deformidade, outras articulações que são envolvidas na movimentação do membro afetado podem sofrer uma sobrecarga e fazer com que haja um desgaste precoce cartilaginoso. Nesses casos, é fundamental iniciar o tratamento com um especialista para evitar a progressão da patologia.

 

Quais são as causas do pé plano em adultos

 

No caso dos adultos, essa condição pode iniciar-se na infância, quando o arco plantar não se desenvolve da maneira esperada. Entretanto, também pode ser uma condição adquirida pelas seguintes razões:

 

Sequelas decorrentes de fraturas

 

A falta de tratamento ou a consolidação inadequada de fraturas pode fazer com que o paciente desenvolva artrose. Essa condição, além de outros sintomas, também pode causar algumas alterações na biomecânica e fazer com que o pé perca o arco plantar.

 

Artropatia de Charcot

 

Caracterizada pela redução da sensibilidade na região do Pé, essa doença faz com que a pessoa não note lesões. A intensificação e a repetição de movimentos que causam e agravam lesões, pode desencadear o enfraquecimento dos ossos e inflamação nos tecidos adjacentes. Em alguns casos, o paciente pode sofrer com a alteração na anatomia dos pés.

 

Insuficiência do tendão tibial posterior

 

O tendão tibial posterior é uma das estruturas responsáveis por manter a estrutura do nosso arco plantar. Quando esse tendão sofre alguma lesão ou se torna de alguma forma insuficiente, a sobrecarga das outras estruturas presentes na região, podendo causar o pé plano ou pé chato.

 

Além desses fatores, o surgimento de pé plano pode estar relacionado a:

 

  • Fatores genéticos;
  • Lesões prévias no tornozelo ou no Pé;
  • Doenças que afetam o sistema muscular ou nervoso, como é o caso da distrofia muscular, paralisia cerebral, espinha bífida, entre outras;
  • Hiperfrouxidão ligamentar;
  • Coalizão tarsal.

 

Os fatores de risco que favorecem o desenvolvimento de pé plano em adulto podem ser diversos, como veremos a seguir:

 

  • Obesidade;
  • Diabetes;
  • Gravidez;
  • Desgaste das articulações e estruturas com o envelhecimento;
  • Entre outros.

 

Existe alguma complicação?

 

Em casos mais graves, o pé plano pode causar dores intensas e favorecer o surgimento de algumas complicações. A falta de tratamento, o tratamento tardio pode causar problemas como:

 

  • Fascite plantar;
  • Artrite no tornozelo;
  • Tendinite do tendão de Aquiles;
  • Artrite no pé;
  • Metatarsalgias;
  • Entorse de tornozelo;
  • Joanete;
  • Rigidez articular;
  • Entre outros.

 

Como é feito o diagnóstico dessa condição

 

Inicialmente, o médico responsável pelo tratamento irá observar a presença de sintomas no paciente com pé plano. Os principais sintomas relatados costumam ser:

 

  • Dor intensa;
  • Desequilíbrio mecânico;
  • Desgaste decorrente da sobrecarga.

 

Avaliados os sintomas, o médico realizará uma avaliação clínica e do histórico do paciente. O objetivo dessa avaliação é determinar qual o melhor tratamento a ser implementado no caso para que o paciente restabeleça sua qualidade de vida.

 

Dependendo das necessidades, o médico pode solicitar alguns exames complementares de Diagnóstico para avaliar de forma mais específica o estado do arco plantar. Os principais exames solicitados são:

 

  • Radiografia para verificar a extensão da deformidade relatada;
  • Tomografia computadorizada;
  • Ultrassonografia.

 

Qual o melhor tratamento para pé plano em adulto?

 

Uma vez determinado diagnóstico, o médico pode iniciar o tratamento para combater os sintomas, ou dependendo da gravidade do caso, corrigida deformidade. Todos nós nascemos com os pés planos e com o passar dos anos acontece o desenvolvimento do arco plantar de forma natural. Quando esse desenvolvimento não acontece ou quando o paciente sofre com alguma lesão ou condição que causa o problema, o pé plano acaba se tornando permanente.

 

No caso de pé plano em adulto, a condição pode estar relacionada com os fatores que citamos anteriormente, sendo necessário buscar a avaliação de um especialista para iniciar um tratamento mais específico. Veja a seguir as principais abordagens utilizadas:

 

Tratamento conservador

 

Porém, existem algumas medidas que podem ajudar a combater os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Nos casos onde o paciente relata dor e incômodo, mas sem impacto direto na sua mobilidade, o médico pode recomendar um tratamento conservador.

 

A abordagem conservadora inclui alguns procedimentos e medidas para aliviar a sobrecarga e combater os sintomas causados pelo pé plano em adultos. Inicialmente, pode ser recomendada a realização de alongamento de forma diária para contribuir para a mobilidade e fortalecimento dos pés.

 

Também pode ser recomendada a utilização de calçados específicos para reduzir as dores e evitar a sobrecarga das outras estruturas do membro afetado. A utilização de suporte ortopédico também é uma medida bastante recomendada, com palmilhas personalizadas e botas ortopédicas.

 

Essa abordagem também inclui a realização de fisioterapia para fortalecimento e alongamento muscular, repouso, aplicação de compressas de gelo, entre outras medidas e comportamentos. No caso de pacientes que se encontram acima do peso, pode ser necessário iniciar um programa para reduzir o peso corporal de forma a evitar o excesso de pressão na área afetada.

 

Tratamento medicamentoso

 

Dependendo da causa do pé plano, pode ser desencadeado algum processo inflamatório nos pés e tornozelos. Nesse caso, o médico responsável pelo tratamento pode prescrever a utilização de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios para combater a inflamação e reduzir a dor.

 

Tratamento cirúrgico

 

Nos casos onde o pé plano está causando alguma interferência na caminhada ou na pisada, fadiga muscular ou dor intensa o médico responsável pode recomendar a realização de uma intervenção cirúrgica para a correção da deformidade.

 

O principal objetivo da cirurgia no pé plano em adultos é realizar a correção da deformidade. Dependendo das necessidades do paciente, o médico consegue reparar tendões, fundir ossos ou articulações, e até mesmo criar um novo arco no pé afetado.

 

Essa abordagem é recomendada para os casos mais graves onde há necessidade de correção, visto que a maioria dos casos de pé plano apresentam um bom prognóstico diante da abordagem conservadora. Por essa razão, é muito importante buscar um médico especialista no assunto para realizar uma avaliação adequada e iniciar o tratamento ideal para o caso específico.

 

Dúvidas?

Escreva: @draanapsimoes

 

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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